Quis
o destino que Walter Vogel fosse, por formação, um professor. Talvez
isso, mais do que qualquer outra atividade que tenha desempenhado ao longo
de sua vitoriosa carreira como engenheiro agrônomo, o tenha preparado
para o sucesso como empresário em Roraima, pautado pelo respeito às
pessoas, às instituições e, sobretudo, ao meio ambiente.
Tendo
nascido numa propriedade de apenas sete hectares em Gurbrü, no cantão de
Berna, região noroeste da Suíça, em 27 de março de 1945, talvez ele
saiba como poucos a importância de se utilizar racionalmente os recursos
naturais.
Embora
isto pareça ter pouco a ver com o que se tornaria depois, Walter cursou o
magistério entre 1961 e 65 e lecionou em Lyss (Berna) até 1969. No mesmo
período, prestou o serviço militar, tendo abandonado as armas no posto
de primeiro tenente do Exército.
Quinto
filho de uma família de agricultores, sua ligação com a terra, no
entanto, falou mais alto. Em 1969, aos 24 anos, deixou a Suíça para
dedicar-se a uma fazenda incluída no processo de reforma agrária do
governo peruano. Foi sua primeira experiência na América Latina. Até
1971 trabalhou nos Andes peruanos, a uma altitude de 4.000 metros, numa
parceria entre os índios e a Cooperação Técnica Suíça.
Encerrado
o projeto, voltou à Suíça para dedicar-se aos estudos, formando-se
engenheiro agrônomo HTL em 1974 pela Escola Técnica Superior de
Zollikofen, em Berna.
Como
engenheiro, gerenciou até 1977 a Fazenda Savolar, maior propriedade rural
particular da Suíça, com 100 hectares onde se criavam mil touros e mil
porcos, em regime de confinamento.
A
experiência lhe valeu o convite para gerenciar a Fazenda Santa Constança,
no Rio de Janeiro. Mantida pelo Curtume Carioca, uma empresa de capital suíço,
a fazenda tinha 5.000 hectares (50 vezes mais que a Savolar). Criava-se
gado bovino, frango de corte e galinhas poedeiras.
Foi
a descoberta do Brasil e talvez a experiência mais importante de sua
vida. Os desafios foram surgindo e consolidando sua capacidade de
gerenciar propriedades rurais, ao mesmo tempo em que vislumbrava como
poucos as grandes oportunidades que o país oferecia.
Em
1980 mudou-se para Foz do Iguaçu, no Paraná, para ser gerente geral de
12 fazendas de produção de soja e cria, recria e engorda de gado, todas
pertencentes a empresários suíços. Como gerente destas fazendas, surgiu
a oportunidade de conhecer Roraima, em 1982. Poder-se-ia dizer que o resto
é história, e encerrar por aqui. Mas, mais do que isso, esta é uma história
digna de ser contada.
Embora
já estivesse aclimatado aos trópicos, Walter não esperava deslumbrar-se
tanto com Roraima. A prova disso é que, três dias após colocar os pés
em terras macuxis, comprou a Fazenda Cruzeiro, na região do Taiano. Foi a
primeira de muitas.
Levado
à Fazenda Cunhã Pucá, ele conta que parou na Ponte dos Macuxis, olhou
em volta e sentenciou: “É aqui que eu vou morar”. É impossível,
portanto, pensar em Walter Vogel hoje sem remeter imediatamente para a
Fazenda Cunhá Pucá, localizada à margem esquerda do Rio Branco,
exatamente ao lado de Boa Vista.
Walter
ainda tinha compromissos que precisavam ser honrados no Paraná, mas em
1985 conseguiu o que mais queria. Comprou a Fazenda Cunhã Pucá,
preparando-se para a mudança definitiva para Roraima, o que
concretizou-se em maio de 1987.
Desde
então iniciou vários empreendimentos no Estado, sempre ligados ao meio
rural, mas também fez incursões pela noite, com o famoso Bar Cruviana.
Enfrentou dificuldades, decorrentes dos vários planos econômicos que
sucederam-se no período, e da inflação que transformou os anos 80 na década
perdida.
Mas
Roraima sabe de uma coisa: Walter Vogel tem um certo toque de Midas. Tudo
aquilo em que põe as mãos se transforma em sucesso, não apenas por
sorte, mas a custa de muito trabalho, no qual envolve hoje mais de 400
pessoas.
Este
sucesso consolidou-se em 1995, com o lançamento da Cidade Santa Cecília,
o maior êxito do setor imobiliário na história de Boa Vista. Em uma
parte da Fazenda Santa Cecília, Walter Vogel iniciou a construção de
uma nova cidade, que a cada dia ganha mais moradores.
Pode-se
dizer que os maiores investimentos do setor privado, em Roraima, passam
hoje pelas mãos de Walter Vogel. São negócios que envolvem grandes
somas, atraem para o Estado empresários de vários países e influenciam
na vida de um grande número de pessoas.
Os
empreendimentos Walter Vogel se transformaram num verdadeiro leque, que
vai desde a pecuária de corte e leiteira (Firma Boiaçu), criação de
cavalos de raça e escola de equitação (Haras Cunhã Pucá), imobiliária
(Cidade Santa Cecília, Loteamento Sumaúma, Pérola do Rio Branco etc),
produção de madeira (Projeto Ouroverde Agrosilvopastoril), produção de
farinha de mandioca e fécula (Projeto Tipiti) e de castanha do Pará
(Projeto Maruwai)
Dois
destes empreendimentos são decididamente grandiosos. O Ouroverde vai começar
a exportar nos próximos anos madeira nobre com selo verde para a Europa.
Este ano estão sendo plantadas seis milhões de árvores de uma espécie
australiana, a Acácia Mangium, perfeitamente adaptada ao solo roraimense.
Ao todo, serão 20 mil hectares. Quando estiver produzindo plenamente, a
cada dois minutos um caminhão sairá carregado de toras das fazendas que
fazem parte do projeto.
O
Maruwai começa já este ano a exportar a castanha brasileira (mais
conhecida em Roraima como castanha do Pará) para os Estados Unidos. Cinco
mil castanheiras no município de Caracaraí já estão produzindo. Uma fábrica
está sendo montada para a seleção e secagem das castanhas, que serão
levadas para os Estados Unidos, onde será usado laser para descascá-las.
Toda a produção já está vendida para abastecer as mesas dos americanos
no próximo natal.
Antes
mesmo de pensar que um dia poderia ser declarado oficialmente cidadão
boa-vistense, Walter Vogel tratou de deixar claro o quão duradouros são
seus planos para Roraima. Adquiriu a cidadania brasileira e, embora volte
várias vezes por ano à Europa, vai apenas pela necessidade do trabalho,
já que aqui trabalha, vive e constrói, não apenas pela necessidade, mas
também pelo prazer de trabalhar, viver e construir.
Um
genuíno cidadão boa-vistense, da melhor estirpe. |